Está tarde, me distraio com alguns programas na televisão. Olho novamente para o relógio que parece não se mover. Levanto-me e abro a janela, e de modo fugaz imagino ela a qualquer instante chegando, com seu jeito radiante e pouco discreto é impossível não notá-la. Seus poros exalam sensualidade, um convite aos seus natos encantos.
Mas ainda nem sinal dela, a cama ainda está vazia, incompleta. Somente o cheiro adocicado se mantém impresso nos lençóis e travesseiros. No criado-mudo algumas jóias que esperam ser adornadas por ela, tanto quanto eu. Quero sentir seus braços envolver meu pescoço. Trançar suas pernas na minha ou poder abraçá-la junto ao meu peito até que ela adormeça.
Giro o punho quase instintivamente e vejo que não se passaram mais que quinze minutos. Estou tenso, irritado e impaciente. A ausência dela deixa mais que um espaço em casa, deixa uma lacuna na alma. Quero me acalmar naquele sorriso acalentador, que me deixou adicto, totalmente dependente. Jamais imaginei achar a paz interior, no interior de outro ser.
E os palitinhos numéricos que dão forma no relógio digital saltam transformando num três, num oito...Avançando as horas e tudo que eu espero é a hora de ser feliz feito um garoto na véspera de natal aguardando pelo presente. Mantenho-me vigilante na porta, olho para o chão, para as plantas e para os céus que num gesto pueril faço meu pedido a uma estrela cadente. Meio desesperançoso na verdade, ainda assim acompanho na descendente o rastro luminoso que aponta em direção... Sim isso mesmo do amor da minha vida
...e o tempo agora parou.
Por Robson Perez