sexta-feira, 23 de abril de 2010

Esperando pelo amor


Está tarde, me distraio com alguns programas na televisão. Olho novamente para o relógio que parece não se mover. Levanto-me e abro a janela, e de modo fugaz imagino ela a qualquer instante chegando, com seu jeito radiante e pouco discreto é impossível não notá-la. Seus poros exalam sensualidade, um convite aos seus natos encantos.

Mas ainda nem sinal dela, a cama ainda está vazia, incompleta. Somente o cheiro adocicado se mantém impresso nos lençóis e travesseiros. No criado-mudo algumas jóias que esperam ser adornadas por ela, tanto quanto eu. Quero sentir seus braços envolver meu pescoço. Trançar suas pernas na minha ou poder abraçá-la junto ao meu peito até que ela adormeça.

Giro o punho quase instintivamente e vejo que não se passaram mais que quinze minutos. Estou tenso, irritado e impaciente. A ausência dela deixa mais que um espaço em casa, deixa uma lacuna na alma. Quero me acalmar naquele sorriso acalentador, que me deixou adicto, totalmente dependente. Jamais imaginei achar a paz interior, no interior de outro ser.

E os palitinhos numéricos que dão forma no relógio digital saltam transformando num três, num oito...Avançando as horas e tudo que eu espero é a hora de ser feliz feito um garoto na véspera de natal aguardando pelo presente. Mantenho-me vigilante na porta, olho para o chão, para as plantas e para os céus que num gesto pueril faço meu pedido a uma estrela cadente. Meio desesperançoso na verdade, ainda assim acompanho na descendente o rastro luminoso que aponta em direção... Sim isso mesmo do amor da minha vida

...e o tempo agora parou.

                                                                                    Por Robson Perez

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Terremotos Emocionais

Tento me livrar de metáforas e linguagens figuradas, mas é assim que se formam as idéias na minha cabeça e não seria diferente agora. Estive compartilhando os paradigmas do espírito, do nosso interior, nada freudiano ou coisa do gênero, somente as agruras normais que nos habitam, com uma amiga da qual muito estimo. Daí imaginei (como essas crianças que se põe a criar figuras nas nuvens) que existem fenômenos parecidos com os geológicos dentro de nós. O objeto da discussão me remeteu a um terremoto.

Nunca esperamos que aconteça, mesmo dando sinais, e de modo catastrófico vemos tudo aquilo que estava em ordem ruir abaixo. Sentimentos que com um trabalho hercúleo construímos agora são nada mais que escombros, fragmentos de uma vida espalhados como peças de quebra-cabeça. As colunas do amor agora não passam de cacos e o que outrora fora uma sustentação tornou-se um peso, nada mais que blocos pesados de mágoas causando-nos dores lancinantes. Em um gesto desesperado nos atiramos em busca de vida, compaixão, compreensão. Qualquer sentimento que nos dê esperanças de sairmos e recomeçar.

Esperamos por socorro. Alguém que nos ouça, que nos estenda a mão. Um filete de luz na penumbra do nosso interior. Quando saímos, olhamos para o entulho de sentimentos de que fomos resgatados e custamos a acreditar que sobrevivemos. Tudo o que queremos agora é reconstruir. Essa é a lei. Curar nossas feridas. Ajudar outros a se curarem e certamente veremos as colunas se reerguerem.

Robson Perez

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Senhor de todos os sortilégios.

Ultimamente ao me enveredar na seara da escrita, em especial as crônicas, fui tomado de uma arrogância ao achar que poderia escrever qualquer coisa. Quase uma síndrome “Caetanesca”, isso mesmo, de Caetano Veloso; ou intimamente: Caê. Ele faz parecer que pode discutir de física quântica a insumos para a adubação e fertilização de terras. Parece ter todas as respostas para o problema da humanidade e se duvidar, também para os dos extras terrestres.

Mas antes que eu seja crucificado pelos seguidores do messianismo de Caê. O objeto do texto ainda sou eu. Tenho escrito como se fosse detentor de todo o conhecimento. Há quem leia e diga que soa empírico, isto é, de minha própria vivência. Claro que algumas sim. Algumas oriundas de “causos” alheios - Estas por sinal, muito mais interessantes - No entanto, especular e dissertar sobre o que nos circunda faz parte do imaginário. Usar algumas idéias no tom de provocação só para ver a reação dos leitores, coisa de que não tem o que fazer mesmo, ou o que escrever.

Para se ter uma idéia, achei até que entendia do universo feminino, mais complexo do que a resposta para as perguntas: De onde viemos e para onde vamos? Pior ainda, cometi a blasfêmia de achar que eu era Ele, o todo-poderoso, Senhor dos mistérios femininos. O magnânimo Chico Buarque - Acredito que ele tenha até TPM. - Bem, sinto que tenho que mudar de assunto e achar temas frugais do qual o leitor (se é que eu tenho algum) sinta-se interessado... Opa! Tive um insight! Vou pegar carona nas ideologias do Bono Vox, talvez me renda assunto para escrever, algo como preservar a fauna do planeta Pandora e a extinção do gato-preto-albino.

Imperador Adriano e o pênalti perdido

Como é sabido, Adriano imperador tem sido vítima de boatos e histórias infundadas. Rompantes de sua vida amorosa que assombram até mesmo campo adentro. Um dos falaciosos casos envolve sua noiva, ex noiva ou ex ex-noiva Joana Machado,que de maneira árdua vem tentando podar o lendário atacante, famoso por suas enfiadas de bola e ponta firme no quesito corpo-a-corpo.

Protagonista de um caso complexo, o do Alemão, ele mostrou ainda ser humilde não abandonando os barracos. Sua noiva, ex, ou sei lá o que, soube que parte do elenco rubro-negro encontrava-se reunido comemorando ainda o hexa-campeonato. Enfurecida Joana foi até o morro onde pegou uma moto-táxi, que fora comprada por seu noivo e presenteada para a avó de seu amigo, Dona Etelvina, cuja se encontra profundamente grata, pois não agüentava mais subir todas aquelas escadarias.

No momento em que Joana chegou Adriano administrava sua carreira, ao som de muito funk carioca, logo percebeu que gritar e tocar campainha não daria resultados, surgindo aí a idéia de lançar alguns pedregulhos nos bólidos ali estacionados para que soassem os alarmes, e pela primeira vez o goleiro Bruno se viu diante de algo indefensável. Pôde-se dizer que mesmo sem chuvas a casa caiu, ou melhor, o barraco.

Não obstante, outra polêmica se fez em plena decisão da taça Rio. Foi ouvida uma escalação. A de Joana Machado para uma revista masculina, que contou com o apoio da torcida maior que a do Flamengo e Coríntians juntas. Segundo os mais próximos de Adriano, como os moradores, Escadão e Pedrinho da Sevê, ele teria oferecido dois milhões para que ela não revelasse a grande área. Negociação que só se encerrou com a contra proposta de Joana, que se dizendo alvinegra, pediu a ele que errasse o pênalti contra o Botafogo, afinal coração de vagabundo bate na sola do pé. O César do futebol sob pena de se tornar uma estrela solitária e ver sua amada com outro Love, passou a bola para Jeffersons O impiedosus... Mas isso é só produto de boataria.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Vamos ao ponto

(Aos caros amigos)

Mas por que diabos esse ponto G é tão importante? Posso imaginar nos camelódromos a venda do mapa do tesouro: _Olha o caminho do ponto G, aqui na minha mão é mais barato!Sôfrego o incauto chega à sua parceira e pede que ela fique em posição ginecológica feito um carro de capô aberto e se desventura a achá-lo como um fusível no recôndito mais improvável (consegue imaginar a cena?).

Pois é. Não acredito que nem a mulher mais lasciva em busca de orgasmos múltiplos quase catárticos se propõe a ficar sendo explorada de maneira mecanizada para descobrir o maldito ponto G. Existe um alfabeto de pontos espalhados nessa cartilha dadivosa chamada mulher. Ahh!Não sabe ler?Aí um bom motivo para que ela possa lhe ensinar o B a BÁ da coisa, e o melhor, você não precisa iniciar por ordem alfabética. Comece de trás pra frente e de frente pra trás, pode até dar uma amassadinha que ela não vai te punir por isso.

Leia-a em braile

Gostou da idéia?Então mãos á obra. Faz parte da descoberta caros amigos. Leia pausadamente respeitando cada vírgula do corpo dela. Não entendeu?Volte tudo. Agora que sua fluência está aumentando (sem ambigüidades), parta para a prova oral e desenhe nela com o órgão que você mais usa... (não,não isso que você pensou,é a língua) e treine sua caligrafia fazendo todas as letras e números no seu objeto de desejo. Depois de chegarem onde queriam certamente esse lugar é o ponto. Não é o G e nem o final, mas dependendo de como foi pode rolar um reticência.

Robson Perez

domingo, 18 de abril de 2010

Quebrando as regras.

Venho me dedicando a escrita mais do que deveria. Talvez seja uma maneira de diminuir os lucros da indústria farmacêutica das quais eu vinha fomentando, já que minhas noites insones e algumas tardes domicais tediosas se tornaram uma motivação para esse “hobby”. (Ops! Não pode estrangeirismo né?) Porém, entretanto, todavia não tenho um envolvimento muito intimo com o português. O mais perto que eu cheguei disso, foi um caloroso bom dia ao Manoel, grande amigo lusitano.

Leio desde os cinco anos de idade e tive o orgulho de ser alfabetizado pela minha mãe _ela não agüentava mais eu pedir que ela lesse todas as placas na rua. Isso em muito me ajudou, viajava nas Aventuras de Gulliver, O Pequeno Príncipe e quase toda a coleção Vaga-lume. Quem não se lembra do Escaravelho do Diabo? Isso mesmo aquele dos ruivos. Mas isso não quer dizer que se você me perguntar sobre as benditas regras gramaticais saberei respondê-las, bom e se o fizer serei um sujeito oculto.

Escrever alguns parágrafos já tinha se tornado habitual até que uma professora fez a física quântica soar brincadeira perto da língua portuguesa. Quando ela pedia que escrevêssemos uma sentença parecia, pelo menos para mim, de morte. Lembro quando um camarada levou o parágrafo para que ela corrigisse e emendou com um motivador: __Olha está tudo correto. Mas é um textozinho sem personalidade hein! E eu que não sei o porquê, seja ele junto separado ou acentuado, me amedrontei. Após o ocorrido os objetos do meu texto, diretos ou indiretos, sumiram. Achei que eu não tinha predicados suficientes para arte literária. Para se ter uma idéia, toda vez que eu queria saber onde por a vírgula eu fazia aquelas pausas de respiração. Quem olhava não sabia se estava fazendo ioga ou escrevendo.

O fato é que mesmo sem entender uma vírgula voltei a escrever. E sem a pretensão de ser mais-que-perfeito. Que se dane! Não vou deixar nenhum travessão no meu caminho. Tomo para mim a licença poética, como O grande Chico Buarque, que rima futebol com rock and roll, e também: __ se tô triste peço um copo tô alegre ma non troppo... Ainda assim ele continua sendo ovacionado como “O poeta”. E o que falar do brilhantismo de Macunaíma, de Mário de Andrade? Pois é, termino aqui esse desabafo que foi muito terapêutico para mim e sem desembolsar um real. Bem... Tá na hora de dar um ponto final nisso.

Robson Perez