terça-feira, 18 de outubro de 2011


Bolinhos de chuva

Já havia me esquecido como bolinhos de chuva aquecem a alma. Minha mãe ensinara a fazê-los por uma questão de quase sobrevivência. Eventualmente a escassez rondava nossas dispensas, fato que nos fez criar subterfúgios para driblar aquela fomezinha e de quebra ganhar um acalento, até porque os  bolinhos de chuva eram quase abraços dependendo do momento.

Na minha adolescência meus pais viajavam constantemente e eu tinha que ficar para cuidar dos negócios e de uma casa modesta de cinco quartos, isto é, por mais cheia que a casa estivesse era uma tarefa hercúlea não se sentir só. Eu dependia do dinheiro na movimentação dos negócios então conheci o tal de Murphy e sua lei. Aí entra o bolinho de chuva. Não era incomum faltar ingredientes, mesmo assim seguia com a receita desfalcada. Quando os colocava para fritar imaginava as figuras que se formavam na panela como quem olha as nuvens no céu a formar bichos e outras coisas insólitas, isso tudo pela ausência  de ovos ou fermento, não me lembro ao certo.

Contudo isto não é sobre bolinhos de chuva e sim sobre amizade. Por quê?! Se não fosse minhas amizades acompanhando àquela iguaria não estaria completo. Minha saudosa amiga Patrícia Lima que ajudou a completar a receita muitas vezes trazendo sua doce e agradável companhia refez este gesto através de uma rede social...

...Se não me engano era assim: 1 xícara de farinha de trigo, 1/2 xícara de leite, 2 ovos, 4 colheres de açúcar e 1 colher de sopa de fermento em pó, Ah! E excelente companhia.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Longe de ser a saideira


O mercado de cervejas tem tido motivos de sobra para brindar: com a economia em crescimento e o consumidor desfrutando de maior poder aquisitivo, a aposta agora é em cervejas artesanais ou gourmet. Este tipo de cerveja destina-se a um público com paladar exigente e disposto a desembolsar uma quantia maior em troca de sabores cada vez mais singulares. Podem variar em cores, graduação alcoólica e gostos complexos. Cada uma traz consigo uma história peculiar que seduz o apreciador, estes preferem esta alcunha à consumidor, e o incita a enveredar no novo universo que, apesar de aparentemente exíguo, já abriga mais de 400 tipos. Para quem tem interesse em conhecer mais a fundo, uma boa dica é a Enciclopédia Larousse da Cerveja (Ronaldo Morado; editora Larousse, 2009).

Esse palco no mercado nacional sempre foi dominado pelas cervejas tipo pilse ou pilsener, aqui no Brasil representadas pelas marcas Skol, Antártica, Brahma, de um apelo popular muito mais amplo, fato que as mantém com status de “queridinhas” no gosto nacional. Mas nas coxias, outras estrelas estavam prestes a modificar o atual status das grandes brejeiras. Cervejas como Confraria (tipo Abadia), Escura (tipo Schwarzbier) e Weiss (tipo Weiss Bier, feita de trigo), isso para citar algumas de dezenas de potenciais futuras queridinhas, se bem posicionadas e divulgadas em nichos pouco (ou mal) explorados nos dias de hoje.

As cervejarias artesanais modestamente atuavam em carreiras solo, longe de buscar confronto com as colossais fusões do ramo (vide AmBev). Lentamente, foram aos poucos ganhando novos apreciadores que alavancaram suas marcas e lhes delinearam novas perspectivas. . Com estréia no cenário internacional e atuação marcante, a Bamberg Rauchbier, de Votorantin, interior de São Paulo, foi eleita a melhor lager (tipo de cerveja) aromatizada do mundo, segundo o World Beer Awards 2010 e a melhor cerveja lager da América no The Americas' Best Flavoured Lager, numa prova de que a percepção da sua excelência cruza fronteiras.  As cervejas artesanais ocupam, atualmente, algo em torno de 2% a 3% do mercado nacional. Fração que, segundo pesquisadores da área pode alcançar  a marca de 10%, o que, em valores de hoje, corresponde algo em torno de 30 milhões de reais.

Fábricas como Einsenbah, Baden-Baden e Devassa atraíram os holofotes da cervejaria Schincariol que, tendo em vista outros copos a serem enchidos, efetuou a compra de todas elas em 2007. O ocorrido provocou certa desconfiança entre os consumidores.  No entanto, ao certificarem-se do cumprimento da premissa de preservar a identidade do produto com suas características originais, aumentaram ainda mais a demanda e promoveram elevação de 25% do volume de vendas no mês seguinte.

. Essa paixão nacional tem mostrado nenhuma moderação no que diz respeito a investir nesse setor. Isso é uma prova de que inovação e tradição é uma mistura que pode ser saborosamente lucrativa..
                                                                                  
                                                                           Por Robson Perez


Conhecendo o Multiverso



Canetas e gizes coloridos. Repousado sobre a mesa um grande pedaço de papel em branco. A missão — Preenchê-lo com desenhos de todos integrantes de um grupo do Workshop de Desenvolvimento de Competências em liderança.. Uma tarefa lúdica e pueril. Após comungarmos da idéia de um desenho abstrato todos se prostraram e deram início ao intento. Alguns foram mais relutantes, outros mais impulsivos e teve também quem se pôs somente a observar.


Linhas sinuosas e representações feéricas iam lentamente ocupando o espaço estéril. Os matizes se entrelaçavam sem nem uma pretensão de padrões ou congruência. Figuras dóceis, agressivas, singelas e de todos os tamanhos e formas.


Por vezes algumas canetas se chocavam no cumprimento do objetivo. À medida que avançávamos, tornava o espaço exíguo e dificultava a inserção de novas gravuras, alguns cotovelos se esbarrando, um risco não programado, uma idéia não compreendida ou mesmo a resignação de contribuir para o que posteriormente nominamos de “Multiverso”


Demos o pronto da missão seguido de avaliações ora explícitas, ora obscuras. O desenho, fruto de uma imensa simbiose, rompeu os limites físicos daquela folha de papel e continuou se expandindo por corações e mentes. Entretanto não estávamos em branco. Conceitos, verdades, ilusões, certezas era o conteúdo que se entrelaçava com um mundo desconhecido. Houve quem perdesse o norte exibindo desorientação sem saber que rumo tomar.


Chamei esta dinâmica de desnudar a alma. Sem exceções, todos foram tomados de uma agonia ao serem definidos por figuras, comportamentos e atitudes ali empregados. Alguns sentiram não só a alma, mas também como se estivessem nus fisicamente, tamanho o constrangimento.


Lidar com nosso desconhecido, isto é, o nosso abstrato se tornando concreto provoca um medo paralisante Há quem queira desistir. Há quem não saiba o que fazer quando retomarmos do que mais parece terapia em grupo.


. Embora este relato pareça em demasia dramático, foi o resultado de uma dinâmica com um poder inimaginável para nós. Naquela folha estavam falhas, egoísmo, inépcia, magoas, fúria. Dizem que é como se olhar no espelho, porém é muito mais que isso. No espelho nos olhamos diariamente, o que não ocorre com amiúde quando olhamos para nosso interior. É de uma estranheza imensurável. Entretanto naquele papel também estavam esperanças, liberdade, alegrias, posicionamentos e muita, mas muita vontade de acertar.


. Sei que como as linhas que compuseram o desenho são infinitas, nossas possibilidades também são. Contudo olhemos aos outros e a si mesmo como um maravilhoso projeto do qual nunca acabaremos, mas  que a cada estágio agreguemos valores e regozijemos dos feitos alcançados. Tracemos com todas as cores a figura da felicidade em nós, pois este é nosso objetivo maior, o projeto chamado “VIDA”.


Este texto se refere à dinâmica de grupo do workshop de competência em liderança ministrado pela Drª Maria Cláudia Tardin Pinheiro.


De todas as dinâmicas empregadas, visivelmente esta foi a que teve o maior impacto sobre os participantes.
                                                                                                    
                                                                                  Por Robson O Perez

Conhecendo o Multiverso


Canetas e gizes coloridos. Repousado sobre a mesa um grande pedaço de papel em branco. A missão — Preenchê-lo com desenhos de todos integrantes de um grupo do workshop de competência em liderança.. Uma tarefa lúdica e pueril. Após comungarmos da idéia de um desenho abstrato todos se prostraram e deram início ao intento. Alguns foram mais relutantes, outros mais impulsivos e teve também quem se pôs somente a observar.

Linhas sinuosas e representações feéricas iam lentamente ocupando o espaço estéril. Os matizes se entrelaçavam sem nem uma pretensão de padrões ou congruência. Figuras dóceis, agressivas, singelas e de todos os tamanhos e formas.

Por vezes algumas canetas se chocavam no cumprimento do objetivo. À medida que avançávamos, tornava o espaço exíguo e dificultava a inserção de novas gravuras, alguns cotovelos se esbarrando, um risco não programado, uma idéia não compreendida ou mesmo a resignação de contribuir para o que posteriormente nominamos de “Multiverso”

Demos o pronto da missão seguido de avaliações ora explícitas, ora obscuras. O desenho, fruto de uma imensa simbiose, rompeu os limites físicos daquela folha de papel e continuou se expandindo por corações e mentes. Entretanto não estávamos em branco. Conceitos, verdades, ilusões, certezas era o conteúdo que se entrelaçava com um mundo desconhecido. Houve quem perdesse o norte exibindo desorientação sem saber que rumo tomar.

Chamei esta dinâmica de desnudar a alma. Sem exceções, todos foram tomados de uma agonia ao serem definidos por figuras, comportamentos e atitudes ali empregados. Alguns sentiram não só a alma, mas também como se estivessem nus fisicamente, tamanho o constrangimento.

Lidar com nosso desconhecido, isto é, o nosso abstrato se tornando concreto provoca um medo paralisante Há quem queira desistir. Há quem não saiba o que fazer quando retomarmos do que mais parece terapia em grupo.

. Embora este relato pareça em demasia dramático, foi o resultado de uma dinâmica com um poder inimaginável para nós. Naquela folha estavam falhas, egoísmo, inépcia, magoas, fúria. Dizem que é como se olhar no espelho, porém é muito mais que isso. No espelho nos olhamos diariamente, o que não ocorre com amiúde quando olhamos para nosso interior. É de uma estranheza imensurável. Entretanto naquele papel também estavam esperanças, liberdade, alegrias, posicionamentos e muita, mas muita vontade de acertar.

. Sei que como as linhas que compuseram o desenho são infinitas, nossas possibilidades também são. Contudo olhemos aos outros e a si mesmo como um maravilhoso projeto do qual nunca acabaremos, mas  que a cada estágio agreguemos valores e regozijemos dos feitos alcançados. Tracemos com todas as cores a figura da felicidade em nós, pois este é nosso objetivo maior, o projeto chamado “VIDA”.

Este texto se refere à dinâmica de grupo do workshop de competência em liderança ministrado pela Drª Maria Cláudia Tardin Pinheiro.

De todas as dinâmicas empregadas, visivelmente esta foi a que teve o maior impacto sobre os participantes.
                                                                                                    
                                                                     Por Robson O Perez

terça-feira, 8 de março de 2011

Todo dia é dia de Maria


Por mais grandiosa que seja a homenagem a mulher ,será sempre singela e seria injusto dedicar somente um dia.  A mulher é o norte nessa Terra, que é mãe Terra, não poderia ser outro gênero.   A mulher possui a multiformidade , uma dádiva. Ora nos dão amor maternal nos aninhando em  seus braços  e  nos alimentando de vida, ora em seus braços, despertando os desejos mais carnais.  Vênus e Eros em sua magnitude, ou simplesmente mulheres de Atenas.

Pode ter mãos de ferro como Margareth, tenacidade de Catarina, a pungência de Pagú, engajamento de Anita Garibaldi, de Zilda Arns, sendo redundante, doce como Dulce.  Mas na sua maioria é composta  por anônimas como Patrícias,Jéssicas,Eunices , Vânias, Adrianas, etc...Popularmente, nossas Marias.
                                                                                                            

                                                                                                                       (Robson Perez)

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A paixão é agora


Se eu morrer, que seja de amor, de paixão, de encanto em qualquer canto. Se o tempo passar e deixar em meu rosto marcas, que elas sejam índices das histórias que carrego, sejam alegres, sejam tristes, essas histórias são os milhares de células que me constituem e me faz único e singular neste vasto mundo de Raimundo .

Que eu possa ver sempre com olhos de crianças, olhos pueris, olhos de quem se surpreende, mesmo que com coisas rotineiras. Que eu também chore, pode ser de manha (até porque um carinho e um agrado fazem muito bem), de tristeza (trás alívio para alma) e chorar de alegria, porque é tão curativo como um copo de chocolate quente em noite fria.
  Vivo todas essas dádivas, porque o amor é hoje. A paixão; é agora.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Aumenta que isso aí é rock n’ roll!

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Se fosse mesmo escrever tudo a respeito do rock, teríamos de criar uma enciclopédia tão extensa quanto a britânica. As sementes do blues e do country americano foram espalhadas em searas do mundo todo. O resultado foi uma infinidade híbrida de música e acima de tudo atitude. Fosse pelo balanço das músicas e da pélvis do rei do rock, pelos besouros britânicos que alçaram serem mais famosos do que Jesus ou mesmo pela psicodelia ecoada de uma Fender Stratocaster por um tal de Hendrix.

O sonho de liberdade, paz e amor eram os protagonistas de Woodstock, tríade que centenas hippies, yuppies e caretas endossavam. Sim, as pedras rolaram e continuam rolando. O rock é democrático, não tem sexo, pertence à Alices, Marilyns, Judas ... O rock é cênico, é teatral, toca-se comendo as cordas e alguns pobres morcegos. O rock é feito de caveiras, armas, mas também rosas. É dizer aos quatro cantos do mundo “Eu quero morrer quando ficar velho” e também sentir o orgulho de ser um dinossauro do rock.

As melodias viscerais embalam as cabeças e suas guitarras imaginárias. Os amantes do rock “querem satisfação”, sempre será isso, seja geração 60, 70, 80 ou geração Coca-Cola. MP3,CD ou vinil. 78, 45, qualquer RPM, desde que seja rock n´roll, se não for, é Ultraje.E quem luta contra o rock, pode esquecer. O rock não morreu e não morrerá. Então ouça, sinta, vibre e chegue ao nirvana. O rock cometeu seus excessos, mas como regra mantenha somente o do volume. E como dizia um querido amigo “Não importa  se é em javanês tem que ser rock n’ roll”.

É fácil vestir a camisa do rock, pode ser somente preta ou preta com qualquer letra, um A, um C, um D, um C, ou melhor, o alfabeto todo. Como diria o grande Celso “Aumenta que isso aí é Rock n’ Roll”!

                                                                                                                 Por Robson Perez