terça-feira, 13 de abril de 2010

Uma Ode as Paixões



Perdemos dias atrás o grande colunista Armando Nogueira, um craque com as palavras. O futebol nunca mais será o mesmo. Um verdadeiro armador no campo literário. Escrevia com a habilidade de um Garrincha, e ao lermos vibrávamos socando o ar feito Pelé. Seus dribles escritos eram simplesmente encantadores.

Com Nogueira, dar uma “caneta” passava a ter mais um significado. E eu que até então nunca tive atração pelo futebol, talvez por não conseguir entender a equação: 11+11+bola contido em retângulo = Paixão mais infinita (seja pela esquerda ou pela direita). Havia certo desdém da minha parte, no fundo eu queria mesmo era sentir a emoção dos demais. Até que meu melhor amigo, Carlos Gustavo R.Cruz, Me levou ao estádio jornalista Mário Filho, o Maracanã, mas essa história renderá assunto para um próximo texto, e o outro responsável, bem...
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...Cresci, casei, tive filhos, não necessariamente nesta ordem. O último rebento: Um homem. Com isso todo aquele sonho de pai ensinando o filho a jogar bola e soltar pipa, foi cortado na mão com cerol de pó de ferro. Que legado eu deixaria a esse garoto? Nunca fui hábil com a “gorduchinha” de Osmar Santos para decepção de meu pai, afinal é o país do futebol. Não queria que ele se enveredasse no mundo melancólico solitário das artes.

Mas não sou eu quem faz as regras. E lá estava meu garoto. Criando raízes na seara futebolística. No Maraca, o garoto gritava palavras de ordem em uma postura quase marcial: _ Vai lá Léo! É pra ficar igual a você que eu treino todo dia! E com olhos rasos d’água assistia ali o mais puro manifesto de sentimento de paixão. E não se trata só pelo fato dele ser rubro-negro, se fosse cruz maltino, tricolor. Não faria a menor diferença. A alegria se manifesta em todas as cores.

Ah! Esse garoto. Fala com a propriedade de um Juca Kfouri e ás vezes com a petulância de um Jorge Cajurú. Irritava-me com sua opinião retórica, acrescentando: _Pai, na boa... Quer entender de futebol mais do que eu? E mais ainda quando se atrasava para colégio por estar comendo, e ao mesmo tempo assistindo aos programas de esportes vespertinos na TV. Sem esquecer de mencionar sua vasta coleção de bolas pela casa, e não foram poucos os desastres por elas causados . Porém confesso. O prazer de ver a ordem natural das coisas, pelo menos neste universo, se inverterem. Meu filho me ensina a cada dia amar o futebol, e claro, a ele mesmo. E isso sim é uma arte, que não é solitária e tampouco melaconcólica.

Como pais e filhos tão opostos podem harmonizar essa relação? O que faço é fintar nossas diferenças. Ponho para escanteio as dificuldades. Haverá problemas? Sim haverá. Mas isso a gente mata no peito. Se houver ânimos quentes, nos damos um cartão amarelo quantas vezes for preciso. E quanto ao placar? Vai dar sempre empate.
 
                                                Dedico ao Joshua, meu querido e amado filho.