sexta-feira, 17 de junho de 2011

Longe de ser a saideira


O mercado de cervejas tem tido motivos de sobra para brindar: com a economia em crescimento e o consumidor desfrutando de maior poder aquisitivo, a aposta agora é em cervejas artesanais ou gourmet. Este tipo de cerveja destina-se a um público com paladar exigente e disposto a desembolsar uma quantia maior em troca de sabores cada vez mais singulares. Podem variar em cores, graduação alcoólica e gostos complexos. Cada uma traz consigo uma história peculiar que seduz o apreciador, estes preferem esta alcunha à consumidor, e o incita a enveredar no novo universo que, apesar de aparentemente exíguo, já abriga mais de 400 tipos. Para quem tem interesse em conhecer mais a fundo, uma boa dica é a Enciclopédia Larousse da Cerveja (Ronaldo Morado; editora Larousse, 2009).

Esse palco no mercado nacional sempre foi dominado pelas cervejas tipo pilse ou pilsener, aqui no Brasil representadas pelas marcas Skol, Antártica, Brahma, de um apelo popular muito mais amplo, fato que as mantém com status de “queridinhas” no gosto nacional. Mas nas coxias, outras estrelas estavam prestes a modificar o atual status das grandes brejeiras. Cervejas como Confraria (tipo Abadia), Escura (tipo Schwarzbier) e Weiss (tipo Weiss Bier, feita de trigo), isso para citar algumas de dezenas de potenciais futuras queridinhas, se bem posicionadas e divulgadas em nichos pouco (ou mal) explorados nos dias de hoje.

As cervejarias artesanais modestamente atuavam em carreiras solo, longe de buscar confronto com as colossais fusões do ramo (vide AmBev). Lentamente, foram aos poucos ganhando novos apreciadores que alavancaram suas marcas e lhes delinearam novas perspectivas. . Com estréia no cenário internacional e atuação marcante, a Bamberg Rauchbier, de Votorantin, interior de São Paulo, foi eleita a melhor lager (tipo de cerveja) aromatizada do mundo, segundo o World Beer Awards 2010 e a melhor cerveja lager da América no The Americas' Best Flavoured Lager, numa prova de que a percepção da sua excelência cruza fronteiras.  As cervejas artesanais ocupam, atualmente, algo em torno de 2% a 3% do mercado nacional. Fração que, segundo pesquisadores da área pode alcançar  a marca de 10%, o que, em valores de hoje, corresponde algo em torno de 30 milhões de reais.

Fábricas como Einsenbah, Baden-Baden e Devassa atraíram os holofotes da cervejaria Schincariol que, tendo em vista outros copos a serem enchidos, efetuou a compra de todas elas em 2007. O ocorrido provocou certa desconfiança entre os consumidores.  No entanto, ao certificarem-se do cumprimento da premissa de preservar a identidade do produto com suas características originais, aumentaram ainda mais a demanda e promoveram elevação de 25% do volume de vendas no mês seguinte.

. Essa paixão nacional tem mostrado nenhuma moderação no que diz respeito a investir nesse setor. Isso é uma prova de que inovação e tradição é uma mistura que pode ser saborosamente lucrativa..
                                                                                  
                                                                           Por Robson Perez


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