quarta-feira, 28 de abril de 2010

A mais bela hitória de amor

Doralice, ou Dona Dora como a chamavam. Já avançava seus sessenta anos, ainda assim mantinha o seu charme. Seus cabelos curtos e prateados combinavam com seu rosto doce que estampava um sorriso juvenil. Vestia-se muito bem, alta e esguia, exibia o caminhar de uma lady. Estava ali no aeroporto esperando o vôo ansiosamente. Sentou-se e abriu sua bolsa, da qual tirou um livro com uma coloração esmaecida, algumas folhas estavam soltas. Dora com toda elegância recostou na cadeira cruzando as pernas de maneira que pudesse ler o livro sem perder a postura monarca.

Passou algumas páginas, e vez ou outra olha as horas no Cartier que ostentava com orgulho, não pelo o fato de ser um renomado relógio, mas porque herdara de sua mãe, mulher que fora referência em sua vida.

—Meu Deus as horas não passam! Exclamou um pouco impaciente.

Só havia uma cadeira desocupada ao seu lado no qual uma jovem aproximadamente de uns vinte anos sentou-se.

—Com licença. Disse a garota.
Dora estava compenetrada na leitura enquanto uma leve curiosidade fez com que a jovem mulher levantasse a cabeça por cima dos ombros de Dora para ver o que ela lia.

Paciente Dora puxou assunto:

—Gosta de romances?

—Gosto sim, ah, a propósito meu nome Carla.

—Prazer Carla. Estou relendo a melhor história de amor que já li. Percebí seu interesse. Posso ler alguns trechos interessantes se você não achar piegas, ou como vocês dizem, careta?
Com um sorriso descomprometido Carla assentiu que sim.
—Vamos lá, querida. Joahan era um soldado alemão que na segunda guerra desertou por discordar das atrocidades cometidas pelo III Reich, para não ser executado vergonhosamente como traidor fugiu para Porto Alegre.
—Que legal! Bem aqui. Disse Carla.

—Sim. Chegando aqui Joahan encontrava-se totalmente desorientado, não dominava a língua o que só piorava a situação. Numa tarde de verão uma moça tomava sorvete quando ele a abordou falando: —Schokoladeneis! Apontando num gesto meio bobo.
A jovem riu, mas compreendeu o que ele dizia, pois era de descendência alemã e seus pais mantinham a cultura.

—Sorvete de chocolate. Falou ela rindo e ao mesmo tempo encantada com o rapaz.
—Acho que vou ter que encurtar a querida, o meu vôo esta chegando. Dora avisou interrompendo a história.
Deixe -me continuar... Liebe, que quer dizer, querida em alemão, era como ele a chamava, se apaixonou por Joahan. E como num piscar de olhos se passaram três anos. Tinham planos para casar, ter filhos essas coisas até que um dia,Liebe esperava Joahan voltar da escola onde ele ensinava alemão. Mas nada.

Soube através dos locais que Joahan havia sido deportado e responderia por deserção na corte. Felizmente mais tarde, soube que ele fora absolvido, mas não livre da pena de poder deixar seu país. E Liebe disse que se não fosse Joahan não seria mais ninguém e nunca mais encontrou outro amor.
—Triste demais. Disse carla.

—Mas eu sempre acreditei em final feliz, querida!

—Liebe! Liebe! Gritava um senhor do outro lado do saguão. Dora então se levanta e vai de encontro ao seu amado uma espera que parecia eterna. Enquanto isso Carla pegou o livro deixado ali na cadeira, que estava escrito na capa: Meu diário.

Um comentário:

  1. E depois ainda condenam meu romantismo... Mas, tem como não se apaixonar pelo amor? rs.

    Linda estória, Karone. Que bom ter vindo conhecê-lo!

    Abraço.

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