quarta-feira, 23 de junho de 2010


Responsabilidade social

Nunca se ouviu falar tanto nesse termo. Já ganhou o glossário dos administradores de empresa, tornou-se objeto de estudos da seara empresarial. O benefício é obvio, desde recuperação do meio ambiente implantando a sustentabilidade. Os projetos são dos mais variados formatos, desde geração de empregos à ex detentos, creche para funcionários, educação pela iniciativa da própria empresa, etc. Tudo bem, sabemos que nenhuma boa ação fica impune, ajuda muito na dedução tributária, sem contar que agrega valores intangíveis ao nome da empresa. Porém, é melhor recebermos da iniciativa privada, que é bem mais confiável do que a estatal, da qual somos órfãos.



Diante das inegáveis ações benevolentes relativa à responsabilidade social, existe uma lacuna em especial à ser preenchida. A empregabilidade responsável. Ao chegar em uma entrevista, passar por uma sabatina excruciante, o empregador inquire o pretendente sobre a existência de restrições nas instituições financeiras, mesmo sabendo da ilegalidade que este ato constitui. Ora! Se o sujeito encontra-se desempregado, circunstancialmente ele pode passar por um abalo econômico em sua vida pessoal que o impeça do cumprimento de suas obrigações. Isto é, após centenários da história do Brasil, a famosa expressão “nome sujo na praça” ainda se faz presente nos dias atuais. Essa alcunha foi dada aos cidadãos que tinham pendências com a justiça, mais precisamente na Praça XV no Rio de Janeiro, onde os procurados tinham seus nomes fixados na praça.

Então surgem perguntas para o mundo corporativo. Onde está a responsabilidade social? Como o trabalhador poderá saldar sua dívida estando ele fora do mercado? Isso caracterizaria assédio moral? Há esperança para este cidadão?

Por enquanto não vejo nem um manifesto oriundo de projetos de responsabilidade social que integrem excluídos moralmente. O que sabemos, sim, é que existe um processo velado nas contratações, que rejeitam pessoas que moram em áreas consideradas perigosas, a recusa dos que não possuem boa aparência (que de forma sorrateira lhe dirão que você não se enquadra no perfil pedido) o tatuado que ainda carrega estigmas prosaicos de pertencer a facções criminosas e infindáveis critérios de contratação baseados em culturas obsoletas e ultrapassadas que são incompatíveis aos dias atuais. O esperado é que apareçam oportunidades para todos os cidadãos, independente de credo, cor e etnia a fim de equilibrar o quadro de desigualdade social premente na vida dos brasileiros. Responsabilidade social é a empresa pensar como pessoa física. Os elementos que compõe a empresa são constituídos de pessoas comuns que um dia procuraram o ingresso no mercado de trabalho, exatamente como estas que passam pelo crivo corporativo em busca não só da sobrevivência como por um mínimo de dignidade.


                                                                                   Por Robson Perez

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